sábado, 15 de março de 2008

Turbilhão

Hoje, tal como nos últimos meses, fui arrastada da cama por um turbilhão.
"Para onde me levas hoje?", perguntei eu a medo. Tal como todos os dias, não obtive qualquer resposta. "É que para onde quer que me leves, eu continuo a não saber se é para aí que quero ir e nos últimos tempos já fiz tantas viagens..."
O turbilhão silencioso levantou-me bem alto, atirou-me para a direita e para a esquerda, para cima e para baixo, fez-me fazer o pino e, por fim, pousou-me suavemente numa ilha deserta.
Apesar da paisagem perfeita, continuei a sentir-me perdida.
Aí, observei o mar calmo (oposto a mim) e a areia quente (talvez ainda como eu).
Vi também uma garrafa acabada de ser atirada pelas ondas para a costa. Aproximei-me e, ultrapassando o recente medo de molhar os pés, agarrei-a.
Abri-a e (tal como nos filmes e livros) retirei de dentro dela um papel. Dizia: "Para te encontrares, precisas de te perder primeiro".


(Perdida já me sinto, senhora garrafa. O que faço agora para me encontrar?)

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