sábado, 15 de março de 2008

Passos e livros

Estou a (re)aprender a dançar.
Cada dia, aprendo um novo passo.
Um mais curto, outro mais longo, um para a direita, outro para a esquerda, um mais rápido, um mais lento, um com uma difícil pirueta, outro tão simples como o pisar dos teus pés.
Cada dia, esse (novo) passo deixa de ser tão novo e passa a ter o seu quê de conforto, monotonia (e sim, a monotonia pode ser boa=)) e de refúgio quanto ao resto do mundo.
Como os livros. Aqueles que já lemos vezes sem conta, que guardamos numa estante ou numa gaveta, que até podem estar escondidos, mas que nós sabemos sempre onde estão e como podemos voltar a encontrá-los.
E a cheirá-los. Sabem de que cheiro falo? Os livros antigos têm aquele cheiro, acre e doce, inconfundível e guardam aquelas palavras que já sabemos de cor e que sabem tão bem...
Depois temos os passos novos. Aqueles que nunca aprendemos, nunca vimos, nunca experimentámos.
Como os livros novos. Aqueles que só por terem acabados de chegar às nossas mãos, nos suscitam curiosidade em ler as primeiras páginas. Apesar de, em muitos deles, sermos capazes de descortinar o seu fim após a leitura do primeiro capítulo.
Tal como na dança e nos livros, aprendi a deixar-me levar (e eu tenho a mania do controlo...) e a saborear cada passo e cada página com toda a intensidade do meu ser. Apesar de saber que um dia, os passos e as páginas esgotar-se-ão... Tanto os antigos como os novos...
Até lá, vou dando um passo para trás, outro para a frente, virando uma página, revirando outra.
E, hoje e aqui, nada mais importa. Só os nossos pés e as nossas mãos..

(E tu, atreves-te a deixar-te levar?)

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