sábado, 15 de novembro de 2008

Gavetas


Este fim-de-semana fui até ao sótão.
Lembrei-me, nos meus sonhos, de um velho armário com mil gavetas que lá estava guardado e a acumular pó.
Resolvi subir as escadas e explorar os segredos que lá guardei e que um dia esqueci.
Com um gesto hesitante, abri a primeira gavetinha do lado esquerdo.
Vi uma foto já gasta. Era tua. Agarrei nela e decidi voltar a enchê-la daquele brilho que era teu.
A seguir, com um gesto bem mais decidido, abri uma gaveta pequenina situada a meio do armário.
Olhei o meu antigo cinto (com alguma emoção, admito) e, após alguma hesitação, decidi guardá-lo lá, mais um tempo. Até quando, não sei. Mesmo o velho armário, apesar da sabedoria que vem com a idade, não consegue dar-me a resposta a esta minha pergunta.
Depois, abri uma gaveta maior, no meio de tantas outras gavetas situadas à minha direita.
Nada. Vazio. Um espaço cheio de ar. A gaveta não tinha absolutamente nada.
Pus-me de biquinhos dos pés e tirei a gaveta do lugar. Virei-a para baixo.
Mesmo a tempo, estendi a mão. Apanhei um. Agarrei-o. Com muita força. Como se deve agarrar tudo o que é importante. E que facilmente pode escapar a um olhar menos atento.
Voltei a colocar a gaveta no seu lugar. Mas, desta vez, deixei-a entreaberta. Agarrei na chave e desci as escadas, com a fotografia e o que retirei da gaveta apertado com muita força na minha mão.

(Há um tempo atrás, lembro-me de a ver cheia de sonhos)

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Ouvi dizer


Ouvi dizer que chove, lá fora.
E que as folhas das árvores adquiriram as tonalidades típicas desta época.
É Outono. Na verdade, falta pouco para o Inverno.
Ouvi dizer.
Ouvi dizer que há novamente castanhas assadas à venda à porta das estações de metro.
E que têm um sabor diferente porque já não vêm envoltas em papel de jornal, como antigamente.
Ouvi dizer.
Ouvi dizer o fim da tarde na praia de Carcavelos sabe particularmente a Verão.
E que os tons de laranja e rosa do pôr-do-sol nos lembram que os dias quentes só voltam para o ano.
Ouvi dizer.

( Amanhã vou ver)

Medos e máscaras

Hoje é noite de Halloween.
Vou pôr uma máscara (daquelas que tapam a nossa cara, as que tapam a alma não estão estão à venda e mesmo que estivessem eu não as conseguiria nunca comprar) e sussurrar ao teu ouvido: "adoro-te".

(Sabes quem sou? Se sabes, explicas-me? É que hoje sou eu quem não sabe a resposta a essa pergunta.)

Um bocadinho


Hoje, quando me preparava para voltar ao meu mundo, senti um leve toque nas costas.
Voltei-me e sorri.
E vi (mais) um bocadinho de ti.


(E tu, viste-me a mim?)

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Um post pequenino (como eu)


Ultimamente tenho sonhado contigo.
Invadiste os meus sonhos e, agora, quando me deixo levar pelos braços de Morfeu, deixo-me levar também para os teus.
É um segredo só meu, não o partilho com ninguém (nem mesmo contigo...).

(Um dia digo-te. Um dia...Até lá, continuas a habitar os meus sonhos)