sábado, 15 de novembro de 2008

Gavetas


Este fim-de-semana fui até ao sótão.
Lembrei-me, nos meus sonhos, de um velho armário com mil gavetas que lá estava guardado e a acumular pó.
Resolvi subir as escadas e explorar os segredos que lá guardei e que um dia esqueci.
Com um gesto hesitante, abri a primeira gavetinha do lado esquerdo.
Vi uma foto já gasta. Era tua. Agarrei nela e decidi voltar a enchê-la daquele brilho que era teu.
A seguir, com um gesto bem mais decidido, abri uma gaveta pequenina situada a meio do armário.
Olhei o meu antigo cinto (com alguma emoção, admito) e, após alguma hesitação, decidi guardá-lo lá, mais um tempo. Até quando, não sei. Mesmo o velho armário, apesar da sabedoria que vem com a idade, não consegue dar-me a resposta a esta minha pergunta.
Depois, abri uma gaveta maior, no meio de tantas outras gavetas situadas à minha direita.
Nada. Vazio. Um espaço cheio de ar. A gaveta não tinha absolutamente nada.
Pus-me de biquinhos dos pés e tirei a gaveta do lugar. Virei-a para baixo.
Mesmo a tempo, estendi a mão. Apanhei um. Agarrei-o. Com muita força. Como se deve agarrar tudo o que é importante. E que facilmente pode escapar a um olhar menos atento.
Voltei a colocar a gaveta no seu lugar. Mas, desta vez, deixei-a entreaberta. Agarrei na chave e desci as escadas, com a fotografia e o que retirei da gaveta apertado com muita força na minha mão.

(Há um tempo atrás, lembro-me de a ver cheia de sonhos)

2 comentários:

miak disse...

Feliz Natal!!

Ana disse...

Feliz Natal para ti também, Nunito!
E que dentro das gavetas do teu armário saiam muitas prendas recheadas de surpresas boas =)